sábado, 30 de janeiro de 2010

Passa... Passa... Passadão, Passadão

Sábado, dia 30 de janeiro, o mês está acabando. Dia de passadão, porém, o dia começou mais cedo, 9 horas da manhã todos prontos para sessão de fotos para o programa e divulgação, sol nada quente e nem um pouco de sono. Chegamos à UNIRIO, começamos colocando os instrumentos no espaço e em seguida cada um fez seu alongamento individual. Carla puxou um aquecimento rápido, andando pelo espaço enquanto que fazíamos os vocalizes para a aquecer a voz.
Fomos trabalhar as cenas do terceiro ato – O rico Avarento. Fomos passando as cenas dos outros atos, trabalhando os novos cortes, as músicas e as interferências sonoras.

Começamos o passadão, passou primeiro ato, o segundo e finalmente o terceiro ato, tempo: 2 horas cravadas. O interessante deste passadão, é que ele proporcionou visualizar claramente onde tem barrigas, o excesso de ações, as tramas paralelas, as valorizações de tudo que está em cena. Isto é, muito coisa boa tem, mas precisa agora é tirar o melhor de tudo isso, como o Fernando disse: temos um suco concentrado, e agora vamos tirar um copo deste suco que ele fique no ponto.

Chris colocou que o espetáculo necessita de ritmo e pique em cena, mas que com certeza estamos dando conta muito bem de um espetáculo de 3h e meia de texto. Mesmo sem esse ritmo, as limpezas realizadas durante a semana foi muito importante para ter um entendimento do todo, principalmente, porque quando não estamos em cena, estamos sempre tocando e fazendo algo pela outra cena que está rolando.

Agora é se preparar para a caracterização da Mona, o cenário do Carlinhos e o figurino da Dani. Se concentrar, explorar e desafiar.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A peleja da limpeza

Hoje o dia começou bem mais tranquilo, pois chegando na UNIRIO inconscientemente todos foram dando uma relaxada. Alguns se deitaram em cima de uns tablados, outros embaixo das mangueiras dos saguis e outros como eu apenas sentados no banco. Parece perda de tempo, mas esse tempinho foi muito importante para zerar e focar no trabalho.

O Neto que passou a manhã com a Mona Magalhães (caracterizadora) fazendo os mapas das caracterizações das personagens, chegou por perto das 14:30h, o tempo de organização do pátio onde estamos trabalhando.
Carla conduziu o alongamento corporal e em seguida no teclado, Marco fez os exercícios para acordar e alongar as pregas vocais. Aproveitando para limpar algumas músicas como a “Reza” e “Catacão”.

Dando continuidade ao processo de limpeza das cenas, Fernando retomou a partir da cena que vem em seguida da “Pantomima”, que é a cena que “Simão e Nevinha como dois retirantes resolvem bater na porta de Aderaldo Catacão em busca de emprego”, seguindo para o “reencontro de Simão e Clarabela”, “Clarabela convencendo Aderaldo a contratar Simão como Mordomo” e a cena dos mendigos em que Simão corre para lá e pra cá.
Esse processo de limpeza é muito importante pois vai nos dando mais entendimento da cena e para quem está “fora da cena” ir ganhando segurança na contra-regragem e na sonoplastia.
Pausa para o lanche e para a chegada de Chris.

Voltamos da pausa dando uma passada no que foi trabalhado durante a tarde para mostrar a Chris e ao mesmo tempo já ir assimilando as cenas.
Seguimos agora para uma cena que estava apenas rascunhada e que precisava de uma atenção na concepção: “As diabas se mostram para Aderaldo e avisam que vão levar ele e Clarabela para o inferno em sete horas”.
Trabalhamos na perspectiva em que Ferrabrás (Camille) se mostra inicialmente para Aderaldo e que Andreza (eu) fica na sua sombra.
Camille foi bastante exigida corporalmente nesta cena, onde foi fundamental o trabalho de Carla. Neste momento surge uma nova corporeidade para as diabas, Chris então pede algo mais cachorra, mais vadia. A brincadeira, a diversão das duas tem que prevalecer.
Camille ficou muito rouca, quase sem voz. Forçou muito, tendo que ter uma atenção especial para descobrir como manter o trabalho sem perder a força vocal.

Paramos o trabalho antes de concluir a cena. Uma pena, pois perde-se o pique de criação. Amanhã temos uma sessão de fotos de divulgação bem no início da manhã, por isso encerramos mais cedo e o Cuca que está fotografando irá conosco para a Casa Paschoal.

As vezes parece que porque passamos por poucas cenas, o trabalho não rendeu. Existem cenas que pedem mais tempo, mais atenção, ajustes mais conceituais do que técnicos.
É preciso tranquilidade nessa fase do trabalho.
Vamos que amanhã tem fotos e passadão.

Dia difícil

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2010.

Apesar da amenizada que o clima deu nos últimos dias o calorão continua. A temperatura que se mantém firme sempre acima dos trinta tem colaborado para o mau humo. Ontem, finalmente, o pessoal da Funarte instalou o ar condicionado que o pai da Chris nos doou. Desde o dia em que chegamos, pela primeira vez vislumbrei a possibilidade de dormir bem. Nos acomodamos todos bem felizes no quarto refrigerado, eu, Marco, Fernando, Camille, Renata e Isadora, isso só depois de ter vencido uma maratona entre todos os residentes da casa Pascoal Carlos Magno para ver quem teria direito ao ar refrigerado. Pois bem, a noite começa linda, todos bem agasalhados debaixo dos seus cobertores. Passado um tempo o ar começa a cuspir gelo, baixamos então a temperatura, passado mais um tempo começa a ficar quente, aumentamos novamente, mas ai já era tarde demais. O imenso aparelho não voltou mais a gelar. Alegria de pobre e de artista (que é quase a mesma coisa) dura pouco.

Mal dormidos seguimos para mais um dia de trabalho. Demos continuidade ao trabalho de limpeza de cena. Em minha opinião a parte mais chata, porem necessária, do trabalho até esse momento. Seguimos movimento por movimento... não, para, volta, faz mais uma vez...
E assim seguimos, percebendo, discutindo e ajustando cada marquinha. O mais difícil desse trabalho são os momentos em que você não esta envolvido diretamente com a cena. Como o espetáculo nos coloca todos em meia lua na frente da área cênica, é preciso estar sempre em estado de cena, em prontidão. E nesse estado o trabalho pede que você fique durante horas. Quando se esta trabalhando dentro da cena o envolvimento e a prontidão se dão quase que naturalmente, mas quando se estar sentado, apenas assistindo, a busca pela prontidão se transforma em um processo difícil e penoso.

Também é importante relata um infeliz episódio. Hoje me indispus com Marco, fiquei irritado pela forma como ele me tratou em cena. Esse fato acumulou com outros e eu discuti com ele durante o trabalho. Chegando em casa o chamei para uma conversa, para acertarmos os ponteiros. Nesse meio tempo percebi que, independente da situação, tendo razão ou não, eu agi mal. Percebi que o correto a fazer era ter o chamado do lado e falado das minhas insatisfações na forma do trato.

Mas, passamos por mais essa, desculpas pedidas, desculpas aceitas, aperto de mão, abraço, beijo e jura de amor eterno mais uma vez.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Forças, a flor da pele!



Começo hoje pelo fim do dia. Onde o respeito e a generosidade foram protagonistas do círculo vicioso do tempo. As vezes somos egoístas, e passamos por cima, e sem piedade, de algo tão importante e fundamental para a existência desse trabalho: A TROCA.
A troca de vida e de trabalho, entre dois grupos com cronologias diferentes mas da mesma espécie. A esperança que nasce a cada minuto em Marco, César, Renata e Fernando, nos coloca em estado de aprendizes da arte. Não haveria sentido algum simplesmente montar um espetáculo e cumprir com um edital se não houvesse por parte do Clowns, que mal saíram de uma montagem com grande temporada em São Paulo e de imediato se aventuraram no nosso universo, a certeza de que o caminho do Ser Tão está traçado, faltando apenas o engate nos trilhos dessa maquinaria.
Dias de limpeza de cenas são sempre momentos muito críticos, onde a paciência e a disciplina são fundamentais para a trajetória pacífica do espetáculo.
Iniciamos o dia com um breve aquecimento vocal, e passagem das músicas, em seguida, Fernando e Carla, trabalharam a cena da chegada de Clarabela. Cena, a qual, exigia dos atores uma atenção especial. A comitiva de Clarabela, foi mexida e remexida, faltava entusiasmo, preenchimento interno do coro, e aos poucos a cena foi começando a tomar um colorido. O cachorro que eu interpreto, Lulu, é um desafio a parte. Os movimentos partem totalmente da coluna, curvado e de quatro, percorro o espaço no tempo da introdução da música em 8 tempos. E assim foi marcado com cada ator do coro, até sua unificação. Hoje descobri mais uma relação do cão com a Clarabela, a de consultor intelectual. Os latidos começam a ser precisos e devidamente marcados, e como diz Marco França “imaginemos uma boca em cada parte do nosso corpo, principalmente na nuca e na coluna como se o som saísse também de toda essa extremidade cervical.”
Na sequência, fomos para a cena das diabas, Andrezza e Ferrabrás, para o deleite de Carla Martins, as duas atrizes, Renata e Camille propuseram uma espécie de ritual de transformação da personagem Ferrabrás. Ao mesmo tempo em que a trilha musical composta por Marco, regia o andamento da cena. A personagem da Camille deu uma boa crescida, descobrindo momentos cruciais da cena.
Já eram quase 22:00 h, quando prolongamos o ensaio para a limpeza da cena de Clarabela seduzindo Simão. O Thardelly, especificamente, encontrou um tempo muito bom de sua personagem na cena da Massagem.
Para finalizar fizemos um passadão de todas as cenas retrabalhadas até então.
Os dias estão ficando cada vez mais apertados e o tempo ainda persiste em ser o nosso maior inimigo. Mas vamos em frente, com fé em Deus e Dionísio, Pois somos privilegiados, e somos artistas.

Evoé.

Netto Ribeiro
In Process

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Fazendo faxina

Eita, que agora é hora da limpeza do espetáculo! E para começar a faxina, nada mais justo que um aquecimento com Carla, ao som de Maria Rita. Cada um de nós foi chegando à sala 602, encontrando seu espaço e, individualmente, acordando o corpo. Depois fizemos uma roda e fomos nos alongando juntos.
Corpo aquecido, agora é hora da voz, dessa vez ao ar livre, já que íamos fazer a limpeza lá fora, aproveitamos e levamos todos os instrumentos, deixamos tudo pronto para o início da peça e começamos o aquecimento vocal. Após 30 minutos de trabalho, já com a voz aquecida, ao final dos exercícios, alguns atores estavam com a voz rouca, Marco pede então para termos cuidado redobrado com a voz e que cada vez que sentíssemos necessário fizéssemos, na palma da mão um som de “V” para relaxar as cordas vocais.
Pronto! Com corpo e voz preparados para o trabalho começamos a limpar o espetáculo num pára e volta danado. A primeira etapa de trabalho da limpeza foi até a cena de Andreza e Nevinha, pois fomos interrompidos pelos trovões, e o céu já estava preparado para chuva, e então levamos os instrumentos para sala Glauber Rocha. Fizemos a pausa do lanche e na volta ao trabalho mostramos para Chris até onde tínhamos limpado e continuamos a limpeza a partir de onde havíamos parado e trabalhamos até a cena de encontro de Nevinha e Aderaldo “A primeira Peleja da sedução”.
Enquanto isso o Rio De Janeiro estava se desmanchando em água e com todo calor que havíamos passado, parte do elenco não agüentou e foi tomar banho de chuva, breve, mais refrescante. E foi assim que acabamos mais um dia de ensaio: encharcados e lendo na íntegra o III Ato.