segunda-feira, 15 de março de 2010

3 x 1

Eita danado! Finalmente chegamos à terra do nosso monstro sagrado do teatro potiguar César Ferrário. Interior com cara de cidade grande, terra do sal e do petróleo. Repleta de lendas, uma que me contaram foi a de um tal CÉSAR (não o nosso) que insistia em ter relações amorosas com fuscas. É...cada qual com o cano de escape que deus lhe deu! Ficamos hospedados no maravilhoso hotel Thermas Resort de Mossoró, a equipe agradece imensamente esse dias de piscinas térmicas e excelente atendimento, afinal de contas nós merecemos. Mas como nem tudo são flores, tínhamos pela frente três apresentações seguidas. Uma na cidade de Mossoró em frente ao Teatro Municipal Dix-Huit na sexta feira. No sábado outra apresentação em Mossoró só que desta vez no Thermas Resort e a terceira apresentação na cidade de Assu. Tentarei fazer aqui um único depoimento dessa nossa experiência nessas duas cidades.
O descarregamento do ônibus foi feito como de costume pela equipe já pré estabelecida. Ao chegar no teatro meu queixo ficou no chão pela imponência e pela magnitude do prédio do teatro Municipal. Com apenas seis aninhos de vida, já respira como gente grande. Um teatro moderno, com capacidade para mais de 700 espectadores, lindo, um sonho... Mas um sonho para os outros, porque nosso sonho tava lá fora na praça, por sinal uma belíssima praça em formato circular, e com uma mandala feita de azulejos foscos. Os camarins foram nosso ponto de apoio. Lá nos organizamos e esperamos a hora do começo de mais um dia de celebração dionisíaca. Os grupos de teatro da cidade foram chegando aos poucos, A maioria já conhecido dos clowns, então podemos chamar isso de um reencontro.
A entrada das personagens em meio ao público já está mais orgânica. já sabemos que energia que precisamos jogar para o público. A apresentação cumpriu sua função. O debate teve a participação calorosa dos grupos de teatro de Mossoró, questões pertinentes as nossas idéias foram colocadas na roda. Construir relações com outros grupos, trocar experiências é aindaum dos pontos fortes dessa nossa trajetória. O Ser Tão agora criou uma mala direta, mas essa é DIRETA mesmo, pois em cada debate os participantes escrevem em uma pequena ficha distribuída por nossa produção seus dados para mantermos contato posterior, e enviarmos nosso informativo o SerTeiro. O estado de “jogo ganho” ainda prevalece em alguns de nós e eu me incluo também. Resultado disso foi à reunião que tivemos no dia seguinte para avaliação. Fernando deixou para o fim sua avaliação mais do que direta para o ator que vos escreve. Disse que eu perdi completamente toda minha construção da personagem que eu havia fazendo tão bem, e substitui por tentativas às vezes frustradas de arrancar riso da platéia gratuitamente. Disse que a essência da personagem havia ficado em algum lugar e que eu precisava resgatá-la. Essas palavras do Fernando mexeram muito comigo. Não pelo fato de levar um puxão de orelha, mas sim pelo fato de não manter a organicidade construída durante o processo de edificação da personagem. Eu precisava encontrar um outro caminho para crescer na trama. Não sei se depois dessa conversa, mas fui acometido por uma forte dor de cabeça que me impediu inclusive de participar da desmontagem do material para apresentação mais a noite. A nossa base nesse dia foi no próprio hotel. Saímos em passeata até o local de apresentação, que para nossa apreensão era um palco suspenso há dois metros do chão, sem retorno e nem acústica alguma, numa festa privada, e mais do que isso, trabalhamos pela primeira vez a frontalidade e a redução da cenografia. Mas para nosso alívio, Marco nos orientou no sentido de projeção vocal, para que não nos afobássemos para mantermos a mesma energia que emanamos quando estamos no chão e próximo ao público. Microfones de captação extremamente sensíveis foram colocados em pontos estratégicos e graças a Dionísio, todos que estavam presentes escutaram e acompanharam através de um telão todo o espetáculo. Cumprimos nossa apresentação com dignidade.
Mais um dia de luta, fomos direto para a cidade do Assu – RN, cidade essa mais do que perfeita para a trama de Ariano. Conhecida como a cidade dos poetas, e poetas esses que sofrem preconceito por serem poetas e são condecorados como preguiçosos e desocupados. Ta aí o ócio criador sendo corrompido pelas falhas convicções humanas. Fiquei literalmente envaidecido em ver o local que iríamos nos apresentar. Um anfiteatro belíssimo, de frente a igreja de São João Batista datada de 1780. Lembrava muito os grandes mercados medievo. Fomos recepcionados pelo secretário de cultura da cidade, que nos levou até o restaurante para almoçar. Uma comida caseira dos deuses nos deu força para o terceiro dia consecutivo de apresentações. Preparamos-nos no centro cultural ao lado da praça, Os Clowns mais uma vez reencontraram integrantes dos grupos de teatro local. Afinal, eles já haviam vindo outras vezes com outros espetáculos de seu repertório. A apresentação estava marcada para as 19 h, mas foi divulgado às 19h30min h, esperamos o público até as 19h45min h. Quando tomamos conta da praça. Os ambulantes se espalharam e buscaram pessoas que estavam dentro das casas, longe nos bares, e aos poucos o público foi se aglomerando, e ocupando toda aquela arena. No meu primeiro texto da peça, eu jurava que estava num teatro, de tão perfeita que era a acústica daquele espaço. A apresentação foi mais do que especial. Um grande círculo dionisíaco cercava a Farsa e emanava energia num ping pong alucinante.
O debate foi bastante caloroso, alguns artistas presentes, desabafaram suas angustias alegando falta de apoio do município para suas montagens. Quase que o debate se transforma num ring político. Que bom que isso aconteceu, que bom que de alguma forma despertamos algo que estava inquieto dentro deles.
Ufa... Hora de respirar um pouco, daqui vamos para Natal, a casa dos Clowns. Esperamos uma belíssima apresentação. E um chapéu feliz já que mainha, painho, filho, cunhado, vô, vó, amigos e agregados dos Clowns vão estar presentes.
Evoé minha gente!!

Netto Ribeiro
Circulando

2 Comentários:

Às 16 de março de 2010 às 01:51 , Blogger Gustavo França disse...

Sobreviveram ao calor de Mossoró, hein?

 
Às 20 de março de 2010 às 09:48 , Anonymous Anônimo disse...

Oi meu povi lindo.... parabéns pelo maravilhoso espetaculos.... ameiiiiii de mais vcs.... meu nome e fabio torres e sou ator de mossoro. gostaria muito de ter contato com vcs:
ismartorres.worktime@petrobras.com.br

 

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