quarta-feira, 10 de março de 2010

A cobra vai fumar!!!!!

Opa, Fernando! eu, tomei a responsabilidade e escrevi o relatório na sua ausência. Só demorei a postar por motivos técnicos.
Nossa segunda parada no estado do Ceará foi na lendária cidade de Cascavel, que segundo a lenda, uma grande cascavel mora no subsolo da cidade e seu tamanho aumenta a cada vez que alguém pronuncia o nome CASCAVEL, para quebrar a maldição, os mais religiosos pedem ajuda a São Bento, e toda vez que seu nome é pronunciado a grande cobra diminui de tamanho. São os encantos e peculiaridades que encontraremos daqui pra frente em nossa turnê pelo místico Nordeste.
Os nossos brilhantes técnicos foram fazer a costumeira vistoria na locação. Uma praça imensa em frente à matriz da cidade. Tivemos uma recepção mais do que calorosa. A representante da Ato Produções, nossa produção local no estado do Ceará, já havia preparado tudo para nossa estadia. Uma pousadinha familiar, sem maiores requintes, mas com uma comida e uma receptividade excelentes.
Tivemos a companhia do Prefeito e da primeira dama de Cascavel conosco no almoço de hoje. Apesar do atraso da equipe, tudo saiu como manda o figurino. Pela primeira vez o calor do Nordeste mostrou sua força. As 14 h nos encontramos para o descarregamento do material com uma temperatura de quase 45°c. Dia difícil para o trabalho braçal, mas com o empenho de todos e a logística criada pelo Fernando tudo foi feito na mais perfeita ordem.
Lá dentro, na caracterização, fomos agraciados pelos deliciosos e doces presentes do Thiago, nosso anjo da guarda nessa temporada em CASCAVEL (opa! a cobra cresceu!). Christina assumiu a direção técnica e passou as devidas instruções para o elenco. O Rafa por sua vez, nos fez Cia nos minutos que antecediam nossa apresentação. Sinal de OK, e lá se vãos os feirantes, carregando suas mercadorias, invadindo a praça em meio ao tumulto da multidão que cercava a arena. Ainda falta alguma coisa na nossa entrada, e acho que estamos descobrindo a cada apresentação. Eu particularmente já descobri que não são nem as cartas, e nem as previsões, típicas da minha personagem de feirante, que chamariam a atenção do público; e sim, uma abordagem mais intimista, como um grande negociador das famosas feiras de troca. A preocupação geral do elenco se destina a música de abertura da peça. Ouvidos, corpos e olhos abertos para a homogeneidade. E de repente um susto... O teclado parou de funcionar. Imediatamente toda a equipe se mobilizava para descobrir a falha, correria nos bastidores. Marco brilhantemente antecipa a entrada de Aderaldo na cena da Andreza e Nevinha e discretamente mexe na caixa amplificada, retorna para sua posição e saca de sua escaleta para maestrar a primeira cena de Joaquim Simão. Atenção quadruplicada de todo o elenco, primeiro para não puxar o foco para a falha técnica e segundo para não sair da energia do espetáculo. E quase como um sopro divino, tudo voltou a funcionar. Disparado, tivemos o público mais inquieto, e para completar a interferência sonora, um culto evangélico acontecia ao lado da apresentação. È minha gente, o teatro de rua é realmente uma prova de fogo para qualquer ator.
Terminada a apresentação. Levantamos barraca e deixamos tudo pronto para nossa ultima cidade no estado do Ceará; Fortaleza sempre foi um sonho em particular. Estou ansioso para conhecer o restante do Grupo Bagaceira, conhecer o teatro que vamos apresentar Vereda da Salvação em Setembro desse ano pelo BR Distribuidora e mais ansioso ainda para abrir a cidade de Fortaleza e trilhar mais uma estrada do Ser Tão.

Evoé minha gente!

Netto Ribeiro
Circulando

terça-feira, 9 de março de 2010

É rua que você quer? Então toma!

Dezoito!

Cascavel, como o Instituto DataJapaNostradamus já havia previsto, ficou sem registro. Ou seja, a dezenove ficou à ver navios... Enfim...

Bom, após participar da Pré-Conferência Setorial de Teatro em Brasília - importante momento da vida política teatral no país, talvez o início de uma revolução que está por vir! -, encontrei-me com o restante do grupo em Fortaleza. Chegando, recebi vastos relatórios de diversas fontes, tanto sobre os vários problemas da apresentação de Cascavel - teclado que deu pau, relaxamentos, etc. -, quanto das dificuldades que já estávamos enfrentando em Fortaleza. A apresentação na Praça do Ferreira, agitado pólo comercial do centro da cidade, em plena terça-feira, às 16h, era o primeira delas. Além disso, tivemos dificuldade de encontrar uma boa logística de descarregamento (que acabou acontecendo na véspera), assim como um local para guardar o material durante a noite. Por fim, a praça estava ocupada pela estrutura de um show que aconteceu ontem. Resumindo, situação nada favorável.

Aos poucos, fomos tentando resolver a situação, problema por problema, enquanto montávamos o cenário, de forma cada vez mais prático e rápido. Até que surge do nada uma grande manifestação de profissionais da saúde contra um tal ato médico - perdoem a minha total ignorância sobre a matéria, imagino que deva ser algo ligado ao E.R. ou ao Dr. House... -, que começou a ocupar a praça com apitaços, falas de lideranças sindicais, e a promessa de um belo show de música. A produção foi averiguar a situação, e constatou que, assim como nós, eles tinham uma autorização da prefeitura para utilizar o mesmo espaço, no mesmo horário. Que beleza! Após inúmeras negociações, conseguiu-se conciliar as coisas: eles liberaram a praça às 17h, uma hora depois do previsto para o nosso início, e voltariam da passeata depois para um tal show musical.

Pronto! Finalmente sós! Nós e... os vendedores ambulantes, a serra circular de uma obra que acontecia no prédio em frente à apresentação, dois pastores que pregavam e cantavam ao lado da cena, o comércio do centro aberto, enfim, finalmente, tínhamos uma situação de rua no máximo do melhor e do pior: hora dos meninos darem conta de conquistar o público naquela situação limite, e de nós, do lado de fora, encontrarmos o equilíbrio entre controlar uma mínima ordem na praça, mas diferenciarmos o que deveríamos conter e o que não podíamos interferir.

E assim foi. O primeiro ato foi sofrido. O público não entrava, não respondia - com toda a razão -, o espetáculo não funcionava, demorou até a coisa começar a acontecer. Enquanto isso, a gente continuava controlando a manifestação, adiando o início do show da banda de pífanos, etc.

Bom, do segundo ato em diante, o espetáculo foi conquistando o público, e acabamos bem. No entanto, numa avaliação mais geral, acho que a apresentação foi bem ruim. No entanto, pelas condições tão complicadas, fica difícil definir o quanto perdemos desde a apresentação - seja por relaxamento, seja por cansaço, etc. - ou quanto as circunstâncias foram determinantes.

Paraíba se foi, Ceará se foi. Amanhã, seguimos para o Rio Grande do Norte, nossa casa! Aquele país chamado Mossoró, depois Assu (ou Açu? A pergunta que não quer calar!), e por fim Natal, antes de seguirmos viagem rumo a Pernambuco.