Mulheres pra que te quero!!!!
Amigo internauta, permita-me abrir espaço para citar algumas questões pertinentes a esse momento em que se encontra o nosso processo. A principal característica da formação do teatro de grupo, ao meu entendimento, é a CONTINUIDADE. E essa indicador se manifesta cada vez mais no pensamento do nosso coletivo (SER TÂO TEATRO). É inegável, público e notório, a honra e o prestígio de fazer parte de um projeto tão bem estruturado. Mas, é importante ressaltar o espírito de união que nos tem tomado esses últimos dias. A volta de Streva para o Rio de Janeiro, abriu uma grande fenda no grupo. A insegurança e a inexperiência de levar adiante um coletivo teatral, sem o pulso firme de um diretor presente diariamente, como era quando Christina residia em João Pessoa, balançou literalmente as estruturas dessa pequena edificação. E aí o destino nos prega uma peça das mais brilhantes. Em meio a todo esse turbilhão de sensações e decisões, o Ser Tão explode repentinamente, se mostrando um grupo novo, mas com a possibilidade de uma visibilidade nacional através de oito premiações por editais de cultura de grande relevância no cenário teatral brasileiro. Momento de suspensão absoluta, sem tempo para respirar, e exigindo do coletivo, decisões urgentes e imediatistas para a continuidade do processo.
Mas creio eu, que ninguém sentiu essa pancada mais fortemente do que Christina Streva. Foi ela, que despertou nos integrantes do espetáculo Vereda da Salvação (2007) o pensamento do teatro de grupo, como saída para uma consistência mais apurada do fazer teatral. E essa pedra, havia sido cantada por ela, para nós, em suas inúmeras viagens por festivais de teatro, encontros, palestras, mesas redondas e demais manifestações artísticas, onde o assunto que permeava era a sustentabilidade de um grupo teatral através de editais públicos. E a cada encontro que tínhamos, essa idéia se fortalecia mais nas palavras de Streva para com o, até então, elenco em formação.
Caros leitores é aí, justamente que gostaria de compartilhar com vocês, a aflição de uma mulher, que sempre sonhou em ser um só corpo todo feito de teatro, abancada pelas mãos de Dionísio num momento em que sua vida rumava para um contentamento acadêmico.
Mas... a vida nos prega dessas peças e escolhas precisam ser feitas.
O elenco que agora virara coletivo, já permeado pelas idéias revolucionárias de Streva, mais uma vez, se via perdido em meio a tantos desafios. Nunca dada por vencida, ela retoma mesmo de longe as rédeas do grupo promovendo encontros via skype, planejando e quebrando a cabeça madrugadas adentro e trazendo aos poucos cada integrante para mais perto da realidade. Eu mesmo, por diversas vezes fraquejei, e duvidei desses ideais. Do que mais seria preciso para nós acreditarmos no que estava acontecendo? Quantas pancadas de realidade a mais teríamos que tomar? Creio que nem São Tomé seria tão incrédulo. Para tudo isso, só havia uma resposta: SER, SER TÃO POR INTEIRO. Não havia outra saída. E foi preciso vir até o Rio de Janeiro, para que as duas realidades se confrontassem e estabelecessem um equilíbrio. O fato de que, o bonde, precisa continuar o seu caminho, e que independente de nossas escolhas, algo em comum nos moveria em qualquer lugar que estivéssemos. VIVER DE, PARA E COM O SER TÃO TEATRO.
Estamos a um dia do fechamento de nosso processo de montagem aqui no Rio de Janeiro. A peça precisa nesse momento de ritmo. A técnica é algo que será limpo em Natal. Hora de entender a trajetória do espetáculo, depois de tantos cortes, o elenco precisava de um norte para a costura da Farsa. E foi justamente essa inquietação manifestada por Streva, que junto à adaptação dramatúrgica de Fernando fizeram desse dia 05 de fevereiro, nosso ensaio geral para o ensaio aberto. A primeira experimentação do figurino, o cenário já montado e sendo ajustado por Carlinhos e sua brilhante equipe, A caracterização da Mona, sendo avaliada por ela a cada ensaio, e claro que não poderia deixar de ressaltar o profissionalismo e atitude que tiveram nossas produtoras aqui no Rio, Taís e Samara. Como foi impressionante nosso passadão de hoje. Que vigor, que ritmo. E a noite, desculpem os homens da peça, foi toda das atrizes. Suellen descobriu momentos mágicos de sua personagem, Maisa, trouxe um corpo, e uma voz, nunca antes atingida. Isadora encontrou uma Clarabela indiscutivelmente original, Renata deixou vir à tona tão esperada Cancachorra de Ariano em toda sua essência, Camille soltou a voz e se desprendeu sua personagem tão fortemente. O orgulho explodia nos olhos de Christina, que durante o passadão corrido, saltitava de satisfação em ver a máquina girar. Tínhamos então um espetáculo levantado, precisando agora de ajustes técnicos, e claro uma melhor apropriação por parte de todo o elenco. Saímos com uma sensação de que a Farsa da Boa Preguiça, independente de seu tempo de vida, será um grandessíssimo APRENDIZADO.
Netto Ribeiro
In Process