sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mulheres pra que te quero!!!!

Amigo internauta, permita-me abrir espaço para citar algumas questões pertinentes a esse momento em que se encontra o nosso processo. A principal característica da formação do teatro de grupo, ao meu entendimento, é a CONTINUIDADE. E essa indicador se manifesta cada vez mais no pensamento do nosso coletivo (SER TÂO TEATRO). É inegável, público e notório, a honra e o prestígio de fazer parte de um projeto tão bem estruturado. Mas, é importante ressaltar o espírito de união que nos tem tomado esses últimos dias. A volta de Streva para o Rio de Janeiro, abriu uma grande fenda no grupo. A insegurança e a inexperiência de levar adiante um coletivo teatral, sem o pulso firme de um diretor presente diariamente, como era quando Christina residia em João Pessoa, balançou literalmente as estruturas dessa pequena edificação. E aí o destino nos prega uma peça das mais brilhantes. Em meio a todo esse turbilhão de sensações e decisões, o Ser Tão explode repentinamente, se mostrando um grupo novo, mas com a possibilidade de uma visibilidade nacional através de oito premiações por editais de cultura de grande relevância no cenário teatral brasileiro. Momento de suspensão absoluta, sem tempo para respirar, e exigindo do coletivo, decisões urgentes e imediatistas para a continuidade do processo.

Mas creio eu, que ninguém sentiu essa pancada mais fortemente do que Christina Streva. Foi ela, que despertou nos integrantes do espetáculo Vereda da Salvação (2007) o pensamento do teatro de grupo, como saída para uma consistência mais apurada do fazer teatral. E essa pedra, havia sido cantada por ela, para nós, em suas inúmeras viagens por festivais de teatro, encontros, palestras, mesas redondas e demais manifestações artísticas, onde o assunto que permeava era a sustentabilidade de um grupo teatral através de editais públicos. E a cada encontro que tínhamos, essa idéia se fortalecia mais nas palavras de Streva para com o, até então, elenco em formação.

Caros leitores é aí, justamente que gostaria de compartilhar com vocês, a aflição de uma mulher, que sempre sonhou em ser um só corpo todo feito de teatro, abancada pelas mãos de Dionísio num momento em que sua vida rumava para um contentamento acadêmico.

Mas... a vida nos prega dessas peças e escolhas precisam ser feitas.

O elenco que agora virara coletivo, já permeado pelas idéias revolucionárias de Streva, mais uma vez, se via perdido em meio a tantos desafios. Nunca dada por vencida, ela retoma mesmo de longe as rédeas do grupo promovendo encontros via skype, planejando e quebrando a cabeça madrugadas adentro e trazendo aos poucos cada integrante para mais perto da realidade. Eu mesmo, por diversas vezes fraquejei, e duvidei desses ideais. Do que mais seria preciso para nós acreditarmos no que estava acontecendo? Quantas pancadas de realidade a mais teríamos que tomar? Creio que nem São Tomé seria tão incrédulo. Para tudo isso, só havia uma resposta: SER, SER TÃO POR INTEIRO. Não havia outra saída. E foi preciso vir até o Rio de Janeiro, para que as duas realidades se confrontassem e estabelecessem um equilíbrio. O fato de que, o bonde, precisa continuar o seu caminho, e que independente de nossas escolhas, algo em comum nos moveria em qualquer lugar que estivéssemos. VIVER DE, PARA E COM O SER TÃO TEATRO.

Estamos a um dia do fechamento de nosso processo de montagem aqui no Rio de Janeiro. A peça precisa nesse momento de ritmo. A técnica é algo que será limpo em Natal. Hora de entender a trajetória do espetáculo, depois de tantos cortes, o elenco precisava de um norte para a costura da Farsa. E foi justamente essa inquietação manifestada por Streva, que junto à adaptação dramatúrgica de Fernando fizeram desse dia 05 de fevereiro, nosso ensaio geral para o ensaio aberto. A primeira experimentação do figurino, o cenário já montado e sendo ajustado por Carlinhos e sua brilhante equipe, A caracterização da Mona, sendo avaliada por ela a cada ensaio, e claro que não poderia deixar de ressaltar o profissionalismo e atitude que tiveram nossas produtoras aqui no Rio, Taís e Samara. Como foi impressionante nosso passadão de hoje. Que vigor, que ritmo. E a noite, desculpem os homens da peça, foi toda das atrizes. Suellen descobriu momentos mágicos de sua personagem, Maisa, trouxe um corpo, e uma voz, nunca antes atingida. Isadora encontrou uma Clarabela indiscutivelmente original, Renata deixou vir à tona tão esperada Cancachorra de Ariano em toda sua essência, Camille soltou a voz e se desprendeu sua personagem tão fortemente. O orgulho explodia nos olhos de Christina, que durante o passadão corrido, saltitava de satisfação em ver a máquina girar. Tínhamos então um espetáculo levantado, precisando agora de ajustes técnicos, e claro uma melhor apropriação por parte de todo o elenco. Saímos com uma sensação de que a Farsa da Boa Preguiça, independente de seu tempo de vida, será um grandessíssimo APRENDIZADO.

Netto Ribeiro

In Process

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Cada um com o seu


Depois de esperar todos os personagens fazerem sua maquiagem e chegarem arrasando, hoje foi a minha vez e a vez de Renata. Nossa caracterização ficou ótima! Mona arrasou!
Enquanto nós estávamos aprendendo a fazer nossa caracterização, Marco e Carla estavam trabalhando os atores individualmente nas cenas que a interpretação ou movimentação ou intenção estavam pouco precisos. Hoje cada um trabalhou duro individualmente, se descobrindo e desafiando.

Depois Chris chegou e conduziu o trabalho. Fizemos o jogo de passar a bola, falar o texto e triangular ao mesmo tempo. Em seguida fomos separados em núcleos e cada um foi trabalhar a sua cena que Chris acha que ainda está "confusa" para depois mostrar uma proposta a ela.

Só o fato de termos trabalhado individualmente melhorou muito nossa presença em cena. Particularmente eu achei que o trabalho rendeu muito quando cada núcleo foi trabalhar a sua cena e Chris trabalhou núcleo por núcleo. Rendeu bastante. Agora é não perder o que conquistamos para podermos seguir sem nenhum prejuízo. Evoé

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A bicharada anda solta

Seguindo o cronograma específico para esta semana, hoje foi a vez dos casais da peça passerem a tarde entregues às cores, aos tons, traços, esfumaçados e do olhar cheio de minúcias da caracterizadora Mona Magalhães. Eu, Marco, Suellen e Thardelly, fomos passo à passo, aprendendo cada detalhe da maquiagem proposta. O Marco estava feliz da vida por ter suas sobrancelhas e barba postiças e se concentrou bastante nessa composição. Thardelly, devagar, foi pegando os macetes, já a Suellen, safa que é com maquiagem, desenrolou muito bem a montagem de seu personagem. Quanto a mim, gostei muito da composição criada para a minha personagem Clarabela, que além do colorido dessa perua, ainda vem com uma peruca ruiva de arrasar.

Enquanto isso, na sala 602... estavam as endiabradas Camille e Renata, trabalhando com a Carla Martins, matrizes de danças sensuais, para explorar um novo caminho encontrado durante o processo de interpretação com a Chris.

Após a pausa do lanche, a Chris sentou conosco e demos início a uma série de sugestões de animais com os quais os personagens tinham semelhança física e de personalidade, retomando um trabalho já apontado no início do processo inda em Natal no mês de dezembro. Foi interessante relembrar esse caminho que percorremos, pois particulamente, senti fisicamente que a Clarabela ganhou uma postura que como sensação despertou em mim uma característica mais esnobe e segura, antes nunca adquirida. É claro, ainda sem o domínio total dessa novidade.


Nos separamos em grupos para trabalharmos algumas cenas do espetáculo e após cerca de 30 minutos voltamos à sala para fazer um passadão da peça experimentando os bichos de cada um. A passagem da peça ganhou um qualidade mais fluida, de maneira que quanto mais passamos a peça corrida, nos conectarmos melhor com a trajetória dela e descobrirmos outras possibilidade, além das que acabamos construindo durante o levantamento das cenas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Visões e Visagismo

Fevereiro tá começando! E por aqui? Tá acabando! Entramos hoje na última semana de trabalho aqui no Rio. Sim, mas é só essa etapa que está sendo finalizada. Passada essa semana teremos ainda muita água por rolar. Figurinos a receber, cenário a fechar, textos por cortar e caracterização pra começar. E falando nela, Mona entrou em cena com seu lindo trabalho de visagismo. Estranha essa palavra, não? Até ela acha. Bom, hoje pela manhã Netto e Isadora foram para a UniRio para começarem a trabalhar a caracterização para que Cuca (Maurício Rego, o retratista) pudesse ter algum registro desse processo aqui.

Em função da demanda necessária para desenvolver o trabalho com a Mona, desmembramos as equipes de trabalho para esses três dias de trabalho, de hoje até quarta. Enquanto o trio celestial (Cesar, Netto e Maisa) passaram pela mão de Mona, Carla trabalhou algumas cenas em que as Diabas (Camille e Renata) mereciam uma atençãozinha em especial. Nesse meio tempo, fui até a biblioteca encontrar Fernando que trabalhava numa proposta de corte para o Ato I. Conversamos um pouco sobre as possibilidades de corte observando o que de mais importante precisava ser comunicado. O que de fato é essencial para a compreensão da fábula que estamos contando. O que queremos comunicar? Vimos que é possível cortarmos sem pudores partes estruturais sem comprometer a obra de Suassuna. É chegado o momento das escolhas. Temos feito as nossas. Sem dúvida, estamos encontrando a dramaturgia que serve a nossa realidade artística.

Depois do lanche e com a chegada de Chris, fomos experimentar em cena os cortes propostos pelo Japa. Isso demandou um bom tempo até entendermos e incorporarmos essa nova estrutura dramatúrgica. Cenas inteiras sairam. No entanto, claramente ganhamos muito com as objetividades das informações. Até o peru deixou de ser feito por Renata! Uma pena, porque era bem divertido. Mas é o preço por termos lucrado com o todo.

Ao final, Chris fez uma apreciação detalhada apontando cuidadosamente questões do trabalho de cada um de nós. Legal perceber na fala dela o caminhar de cada um e o crescimento individual durante esse processo. Um trabalho tão delicado e cheio de tanta informação. Tanta coisa trocada nesse tempo. Tanta experiência compartilhada em tão pouco tempo que às vezes é preciso momentos como esse de hoje de fundamental importância sugerido pela Chris para distanciarmos e analisarmos um pouco de longe o trabalho que estamos construindo juntos.
Imagino que essa conversa de hoje trará bons frutos nessa reta final.