sábado, 23 de janeiro de 2010

Passadão tecnico


Hoje o ensaio começou mais tarde do que deveria pois tivemos um probleminha de razão mecânica com a combi.

Assim que chegamos, pegamos os instrumentos e nos preparamos para fazer um passadão técnico do segundo e do terceiro ato. Fizemos todas as anotações necessárias para não esquecermos de quem fica aonde e com quais instrumentos. É muito detalhe. Ta todo mundo meio assustado... Ainda não trabalhamos intensamente o terceiro ato, mas passamos mesmo assim para termos idéia do trânsito dos instrumentos em cena e de quem vai tocar o que em que hora. Ui! "É muito hein, Seu Aderaldo?"

No mais, minhas anotações são apenas de entradas e saídas para as estações numeradas por mim e movimentação de instrumentos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"E que tudo mais vá pro inferno..."

Hoje, meus irmãos, vamos rezar em nome das almas pecadoras de Aderaldo Catacão e Clarabela na tentativa de salvá-los do fogo eterno do inferno!

Mas calma aí, minha gente, que antes de conhecermos a música da reza, vamos passar todas as músicas da peça pra ajustar, melhorar, etc, etc...

Pronto! Agora sim...


REZA PELAS ALMAS PECADORAS

Coro: Pai nosso que estais no céu
Santificado seja o Vosso
Nham, nham, nham...

Simão: Amém

Coro: Amém

Simão Pedro: O pão nosso de cada dia nos daí hoje

Simão: Mas venha com uma manteiguinha, um queijinho de coalho tostadinho

Nevinha: Simão!

Simão: Falta um minuto!

Coro: Nham, nham, nham...

Coro: Bendita sois vóis entre as mulheres...

Simão: Tudin, Zefinha, Joaninha, Da guia, Marcelina, que é bonita pra danar!

Simão Pedro e Nevinha: Simão!

Simão: Amém

Coro: Amém

Simão Pedro: Mas, livrai-nos do mal...

Simão: Menos seu Aderaldo Catacão que tem que ir pro quinto dos infernos, morar do lado do cão...

Simão Pedro e Nevinha: Simão!

Coro: Nham, nham, nham....

Coro: Bendito é o fruto...

Simão: Como a maçã, banana, abacaxi, ai que delícia! Melância, melão...

Todos: Simão!

Simão: Ai meu Deus, que ta acabando o tempo.

Coro: Salve a rainha, nossa, salve...

Simão: Salve dona Clarabela que é fogosa que só a gota serena...

Todos: (repreendem com o olhar)

Simão: E corre que só faltam 10 segundos.

Coro: Agora e na hora da nossa morte
Que horas são? Será que dá tempo?
E cinco, e quatro, e três, e dois, e um.
Amém!


Essa é a canção da reza. Apesar de não conseguirmos, ainda, pegar a dinâmica sugerida pelas quebras abruptas entre as interferências de Simão durante a reza, tivemos uma ideia do que poderia vir a ser. Aproveitamos para experimentar a música em cena, e sob as indicações de Carla fomos organizando-nos numa espécie de paredão dos beatos, representando o coro e mais adiante formando uma tríade, Simão, Nevinha e Simão Pedro. O esboço apontou algo interessante, faltando agora nos apropriarmos mais da música.

Seguimos, fazendo um passadão do III Ato, O Rico Avarento, incluindo a cena da reza. Apesar de hoje não termos tido o trabalho corporal inicial com a Carla, ela esteve presente durante o ensaio todo, realizando observações, apontando possibilidades de caminhos que complementavam as indicações do Fernando e da Chris que chegou na segunda parte do trabalho motivando-nos a buscar um caminho para a cena em que os demônios carregam Aderaldo e Clarabela para o inferno, e mais adiante, Simão e Simão Pedro.

Percebemos o quanto essas cenas são difíceis, não apenas por serem o desfecho da peça, mas também pelo fato de conterem uma ideia a priori estereotipada, em que os demônios são seres de corpos que se contorcem, línguas à mostra, e por aí vai... Fernando sugeriu um caminho mais humanizado, partindo do pressuposto de que esses seres possuem o controle total da situação. Pegando o gancho, Chris aconselhou Camille a tentar imitar a personagem da Renata e isso vislumbrou um caminho interessante para a trajetória da personagem que Camille faz na peça. Uma espécie de diabo aprendiz que almeja ser como a mestra, mas que é muito atrapalhada e tudo o que faz sai mais ou menos.

Marcamos algumas movimentações com a tríade direcionando intenção, movimento de cena e movimento de corpo (Chris, Fernando e Carla). Ao final do ensaio, conversamos sobre o cronograma, que por sinal, está acontecendo dentro do previsto, e assim encerramos o trabalho de mais um dia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A peleja de Aderaldo e as Diabas Cachorra da Mulesta!

Mais um dia de trabalho começa na quase rotina tendo o trabalho de preparação corporal da Carla como importante ponto de partida, nos colocando atentos para o trabalho de cena. Nossos corpos começam a sentir o cansaço no acúmulo do processo até então. Normal. Não há como aliviarmos o efeverscente trabalho criativo e que tem rendido muito bem. E vamos que vamos!
Depois do alongamento fizemos um breve aquecimento vocal e passamos a "música da pantomima", aprendida ontem e que começaria hoje a ser marcada pela Carla. Feitos os ajustes musicais necessários , uma vez que essa canção tem uma grande variação de compassos, andamentos, tonalidades e dinâmicas distintas, partimos para o desenho coreográfico da cena. Carla começou a marcação partindo de imagens quase estáticas dando um número para cada uma delas, havendo o mínimo de movimentação de uma imagem para outra. O suficiente para o deslocamento. Imagens que a princípio comunicam muito pouco, mas que possibilitam uma noção de movimentação mais clara e objetiva. Mesmo com o comando de que não nos preocupássemos com o "recheio" nesse momento inicial de marcação, inevitavelmente a ansiedade nos coloca querendo colocar o carro na frente dos bois. Explicando melhor, o tal recheio refere-se ao sentido da imagem com movimento e dialogando com a música. Achei bem eficiente a escolha da Carla nesse processo de marcação, dado grau de complexidade exigido pela própra natureza dessa cena. Com a chegada da Suellen depois de sua consulta médica, terminei minha participação de stand-in de atriz e fui para o teclado. Aos poucos fomos dando movimento a essas imagens juntamente com a música. Alguns vários "Da Capo" depois, finalizamos o esboço dessa cena. Estamos chegando numa fase do processo que é preciso muita paciência diante de repetições técnicas e limpezas das cenas criadas até aqui e das que ainda não foram trabalhadas. Esse trabalho, pra que se tenha noção do tempo exigido para sua realização, nos tomou as primeiras 4 horas até a pausa para o lanche. Falando nele, lanche!
Sem Chris que não pode trabalhar conosco hoje, voltamos a sala 602 para continuarmos avançando nas cenas do Ato III. Divididos em 3 grupos, trabalhamos propostas de criação da cena em que Aderaldo encontra-se com os demônios. Uma cena que ainda se mostra como um nozinho no que se diz respeito a construção dessas figuras diabólicas. Achamos que o ridículo, o patético, o clownesco é uma chave importante para explorarmos essas personagens tão facilmente colocadas na linha do óbvio e do esteriótipo do mal. Ao vermos as cenas dos outros grupos, ou seja, dos não originais que acabam não tendo um compromisso direto com a composição dos personagens e o que é execelente nessa forma de levantamento de ideias de cenas, pudemos perceber que ainda temos muito o que descobrir no jogo entre as diabas Andreza e Ferrabrás (interpretadas por Renata e Camille, respectivamente). Como já foi aqui descrito anteriormente, esse exercício consiste em o grupo representado pelos atores que interpretam os seus reais personagens mostrarem a sua cena criada e depois repetir a cena mostrada pelos outros grupos, aqui chamados de não originais. Feito isso, começamos a trabalhar a síntese da cena a partir do que vimos dos outros grupos. Acho esse caminho muito prático e eficiente diante da urgência e objetividade que precisamos nessa montagem.
Enquanto eu, Camille e Renata trabalhávamos essa cena, os demais continuaram a levantar as propostas seguintes. Tivemos dificuldade em definir uma ideia mais amarrada. Ainda acho que há muito o que descobrir nessa relação entre o núcleo do mal. O trabalho truncou um pouco e acabou não rendendo como gostaríamos. Ainda assim, não há como negar que avançamos.
Divididos mais uma vez em novos grupos, mas na mesma dinâmica de criação, começamos a levantar a cena em que Joaquim Simão se encontra e trava uma luta com as diabas. Surgiram coisas muito legais e possibilidades cênicas interessantes que apontam um caminho para o uso do poder entre o plano dos humanos e dos extra-terrenos. Essa é uma linha tênue que precisamos explorar bastante para encontrarmos um "tom" para essas cenas de batalha, bastante presentes e de maior grau de dificuldade nesse Ato III. Vendo de fora, pude começar a ouvir na cena como poderei interferir e propor algo que mantenha a tensão necessária e fundamental exigida nessas cenas.
Dia puxado e bem produtivo. Aos poucos vamos vencendo também esse Ato que, de todos parece ser o mais delicado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Mais um dia: Atchim!

Atchim!

20 de janeiro, quarta feira de muito calor no Rio de Janeiro. É feriado, aniversário da cidade e de São Sebastião, por conta tivemos menos hora de trabalho, começamos às 15h e terminamos às 20h.

Chegamos na Unirio na Kombi, pegamos os instrumentos e subimos para a sala 602. Começamos com música nova para o 3º ato, e por sinal Marco França arrasou na composição. Linda, linda, linda!! Cantamos várias vezes e passamos para as cenas do 3º ato. Sim, já estamos na reta final!

Passamos as cenas, limpando, marcando e estava tudo tranquilo. Fora os meus espirros constantes, estava ganhando da Camille, e meu rosto coçando de uma alergia qualquer. Fora as mazelas que vão aparecendo, o trabalho continua caminhando a todo vapor, sem parar, porque o tempo é curto.

Depois lemos a última cena, que é a grande incógnita de como será. Lemos e lemos e colocamos algumas questões dessa batalha entre os celestiais e os demônios, e como vai ser, quem sabe? Acho que só nos próximos capítulos.

Suellen Brito

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Terceiro Ato

Iniciamos os trabalhos sem a presença de Fernando, pois ainda estava se recuperando de uma indisposição que teve no dia de ontem, ficando de chegar para a segunda parte do trabalho.

Como já vem sendo nestes últimos dias, a Carla assumiu o inicio das atividades. Pegando bem leve nos alongamentos, partindo do chão e seguindo para o plano alto, onde deu uma esquentada nos corpos, nos deixando em prontidão para seguir imediatamente para o trabalho musical.

Marco assume e conduz o exercício de “passar a palma”, onde devemos ter a atenção em receber e passar a palma mantendo a pulsação. Um excelente exercício para se detectar os níveis de ansiedade que vão para a cena.
Variando o mesmo exercício, substituímos a palma que se acumula ao passar pelo ponto inicial por um movimento de suspensão.
Passamos para o teclado onde trabalhamos os fonemas, os exercícios que fazemos praticamente todos os dias para acordar as cordas vocais. Em seguida cantamos algumas canções do espetáculo criadas até agora.

Marco e Carla conjuntamente conduziram um processo de limpeza dos movimentos e ao mesmo tempo das músicas. Partindo do prólogo e seguindo para outros momentos musicais como: a entrada de Clarabela, o Troca-Troca, os mendigos que batem na porta de Aderaldo (Simão), a canção de São Pedro com a cabra, a cantiga do canário e a entrada de Andreza onde finalmente definimos os movimentos dela. Agora preciso ganhar segurança nessa movimentação para que fique mais orgânico. A partir destes movimentos, escolhi três para utilizar cada um em um crescente durante as mandingas feitas para conquistar Nevinha para Aderaldo. Me senti muito bem trabalhando pois, estavam todos contribuindo e irradiando para a cena. Sem contar com a paciência e generosidade de Carla para a construção destes movimentos.

Uma pausinha para água e em seguida Carla conduziu um exercício onde estávamos divididos em dois grupos dispostos em contraposição numa diagonal. Os grupos se dirigiam em encontro com movimentos de embate. Ao se encontrar no centro giravam em torno do adversário, mudando de lado e partiam para um embate imaginário de cabo de guerra. Creio que tenha algo haver com o embate do final do espetáculo, onde as diabas vão enfrentar os celestiais.

Pausa para o lanche e um breve descanso.

Fernando e Chris chegaram, mas ficaram em uma breve reunião. Enquanto isso retomamos os trabalhos dando uma lida no terceiro ato, exceto nas páginas finais que estavam faltando. Porém foi um pouco difícil essa leitura, pois deu uma baixa na energia após o lanche.
Após os pedidos de “coragem”, “vamos trabalhar”, partimos para brincar com a primeira cena deste ato. Em seguida relembramos a segunda cena (Os mendigos- Simão e Catação) que foi rascunhada no dia de ontem. O restante do texto chegou e demos uma lida no ato inteiro. Foi o tempo para que Chris e Fernando chegassem, mostrássemos para eles o que propomos e que colocassem suas observações.

Conversamos um bom tempo sobre a passagem de tempo do segundo para o terceiro ato. Quanto tempo se passou? Esta informação influencia principalmente no desenvolvimento das: Aderaldo, Clarabela, Simão e Nevinha.
Experimentamos fazer a cena com duas propostas de passagem de tempo. Uma primeira passando-se uns cinco anos e outra passando 20 anos. A partir do que foi proposto, optou-se até segunda ordem que: Aderaldo inicialmente tem 50 anos e depois passa a ter 75, Clarabela e Simão 35 a 38 e depois uns 50 anos, enquanto Nevinha que inicialmente teria uns 28 passa a ter 48 anos.

Finalizamos o dia retrabalhando as duas cenas a partir deste dado novo no processo.
Percebemos que a cena final será bem difícil, por isso não devemos nos desesperar para rascunhá-la.
Estamos dentro do cronograma e agora é preciso paciência para seguir.