sábado, 19 de dezembro de 2009

O trabalho continua...

Natal, 17 de dezembro de 2009

E o trabalho continua, o processo avança a cada dia. Hoje, 17 de dezembro, o processo caminha para a finalização da sua primeira etapa. Logo em breve estaremos fazendo as malas para o Rio de Janeiro, onde levantaremos o restante das cenas e ganharemos cenários e figurinos.

Mas ate lá nosso trabalho é no barracão.
E hoje o dia foi: chegada, saudações, limpeza do espaço, organização dos instrumentos e elementos de cena, aquecimento... Percebo que já temos uma rotina.

No trabalho de construção das cenas demos continuidade ao que vem sendo feito: ler o texto das cenas que serão trabalhadas uma primeira vez, ler uma segunda vez com movimentação pelo espaço (quem não esta na cena fica sentados em cadeiras espalhadas pelo meio do tablado), e depois partimos para as experimentações.

As cenas 7 e 8 do primeiro ato, “Ciúmes de Você” e “Cadê o Meu Cheque?”, perfizeram a pauta do dia. Como de costume dividimos a turma em grupos. Um dos grupos era formado pelos “Originais do Samba”, que são os atores verdadeiramente donos dos personagens daquela cena. Os outros grupos eram formados pelos outros atores que não fazem parte da cena trabalhada. No final de um tempo dado os grupos apresentam uma proposta de encenação para texto trabalhado.

Por fim, os originais do samba, junto com a direção, fazem um levantamento de todo o material construído e editam numa proposta final.

Nesse passo, mais duas cenas rascunhadas, mais um dia ganho.

SÃO ESSAS AS MINHAS PEÇAS NESTE JOGO!

Natal, 16 de Dezembro de 2009

SÃO ESSAS AS MINHAS PEÇAS NESTE JOGO!

Assim, Ariano evoca todos os céus e infernos, o príncipe dos apóstolos, o mais corajoso anjo, o arcanjo decaído ao trono flamejante com sua corte infernal e tudo mais que esta terra tem de cego e esquisito para contar a farsa do pobre que virou rico e ficou pobre e do rico que virou pobre e ficou mais rico ainda. Descobrir os enigmas nas\entrelinhas, que pairam sobre o universo mítico e ficcional de Suassuna e de seus pitorescos personagens é no mínimo estimulante. Já não somos mais dois grupos!... Somos vinte! Pensando, experimentando, agregando idéias, jogando e reinventando antigas fórmulas de inventar, de imaginar.
Coube a mim, no dia de hoje relatar para a posteridade, meus pensamentos e inquietações a respeito da I fase do processo de montagem da Farsa.
Mais um dia de trabalho no barracão, e as expectativas aumentam e borbulham na panela de pressão do TEMPO, nosso mais ardiloso inimigo. Limpar o espaço agora é orgânico, o futebolzinho antes do ensaio nos coloca em estado de jogo imediato, sei que vamos aperfeiçoar a técnica, mas não posso exigir muitos dos meus colegas pernas de pau, incluindo o cUrinthiano!!! Corpo e mente já aquecidos ficamos nas mágicas mãos de Marco que nos conduz a um melhor entendimento do nosso aparelho fonador através de exercícios de extensão vocal.
“Não importa o desafinar nesse momento, é preciso ficar atento ao compasso, ao tempo e a pulsação da música"
(Marco França)

Era preciso dar forma à música, inserir a melodia na palavra, OUVIR!!!!!. Mas era preciso primeiro perder o medo de errar. Aliás, os medos foram sendo exterminados um a um, à medida que buscamos a unidade do som. Mas tudo isso não seria possível sem a compreensão e a paciência de Marco França, que com seu gênio insuperável, é capaz de deixar qualquer ator ou atriz acreditar que é possível sim, cantar e tocar como verdadeiros atores mambembes da commedia dell’arte. A relação se estabelece: Música X Palavra X corpo = Ator. Os instrumentos são agora nossos amigos, e o triângulo para mim, já não é mais um bicho de sete cabeças.

Taran tan, Taran tan, Taran tan, pum, plin, psiiiiiiiiii. ÉÉÉÉéééé Taran tan, plin...
A Farsa da Boa Preguiça.
2º Tempo do Jogo, Marco passa de diretor musical para ator, mas não perde em nenhum momento a integração com Christina nem com Fernando. Duas equipes são formadas e o tablado é dividido em duas partes. De um lado Streva trabalha com Suellen e Thardelly a cena 7 – Ciúmes de você. Enquanto eu, César já subdivididos por Fernando focamos no Epílogo e Isadora, Maísa e Camile trabalham diretamente com Yamamoto a cena V – 171 do cheque. A metodologia aplicada por Streva nos alimenta para a edificação das cenas, com resultados surpreendentes.

LEITURA à ANÁLISE DOS FATOS à ANÁLISE DAS AÇÕES à GRAMMELOT (IMPROVISO) àTEXTO FALADO (IMPROVISO) à EXIBIÇÃO DAS CENAS.

Pela primeira vez, no pouco tempo de vivência teatral que tenho, consigo sintetizar em palavras, a técnica aplicada em sala de ensaio. Em menos de duas semanas, já temos um esboço do primeiro ato, transversalmente ligado a uma “curingada” de personagens, onde o elenco tem a oportunidade de se experimentar, passear e improvisar de livre arbítrio por todas as personagens da trama. E isso não se limita ao núcleo duro do texto, mas transita também em personagens inventados e citados indiretamente pelo autor, a exemplo dos animais que amarram a estória, no caso do primeiro ato, o peru (existente no texto) e o cachorro de Clarabela (proposto nos ensaios), que segundo Dario Fo, permite ao espectador outra visão da mesma cena.
Oba!!!!!!!!!! Recreio!!!!!!!!!!!!
- Meninos e meninas, hoje temos bolo de moça, bolo de macaxeira, pão com requeijão e salame de frango, e um cafezinho dos deuses. Quem vai querer?!!!!

Estômagos felizes e corpos revigorados voltamos ao trabalho, desta vez, Streva trabalha a cena VI - descendo das tamancas com Isadora e Marco, simultaneamente Yamamoto conduz a mim, César e Maísa no Epílogo. Com as cenas já levantadas, fomos para o tablado conectar as idéias. Passadão das cenas V, VI, VII e Epílogo. Christina alerta aos integrantes que estão às margens da cena, que intervenham se necessário, com sugestões para a evolução cênica. E mais uma vez, os risos se propalam pela sala com as improvisações e com o gramelot.
Nosso epílogo ficou por conta da Paula, que nos apresentou um breve seminário sobre as informações que norteiam a nossa investigação. Começou falando da contribuição dada pela commedia dell’arte para o ofício do ator, sobre as personagens da commedia dell’arte, as máscaras, as personagens do espetáculo, e outras peculiaridades.

OUVIR, Uniformizar o trabalho do ator, A D O R O ESSE LAVAJATO introvertido e extrovertido, sem psicologismos nem ação interior, O CABRITO É SETENTA CONTO ancas, coluna, É DOIS QUILO E MEI POR DOI, rosto expressivo, caricatural, OUVIR, pensamento desejado, aberto, deixar o caos surgir, sequência ininterruptas das células, EU TE RASGO ESSE PEITO DE FERA pensamento concreto, o texto com registro corporal, OUVIR, sai da dimensão interior e vai para a dimensão externa do ator, PENSE NUMA PITEIRA AMULESTADA não mais se pergunta o que estou sentindo, pré expressividade, ação física não é movimento, não é gesto, OUVIR, ela possui uma composição, uma dimensão, ação psicofísica, esquecer o lugar comum, ELE SEMPRE FOI ANJO, ASSIM É BOM! Limpeza dos vícios, sem cartas na manga, estado de samadir, concentra, OUVIR, imagens geradas do imaginário coletivo, arquétipos, OS PECADOS SECUNDÁRIOS EXISTEM!!!, Universais, o que está nebuloso?, Negociar, OUVIR, esteja a favor da improvisação, nível de escuta, clareza na dramaturgia, OUVIR, equilíbrio, emoção, excitação, dever de casa, intervenção de rua, EL DIABO imagens que se sobrepõem, contemporâneo, medievo, pelo viés do grotesco, somos ratos da idade média, vender o que ainda não existe, MAR MININO, MARRÓIA ELE!!

Netto Ribeiro
In Process

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Praça do Alecrim

Para a Praça do Alecrim partimos para o nosso primeiro desafio na rua com o primeiro ato, o Peru do Cão Coxo montado, com os personagens já desenhados, figurinos, cenário, adereços e maquilagem improvisada. Quatro carros para transportar tanta gente e bagagens, a praça estava efervescida, era estreita, parada de ônibus dos dois lados, feirantes gritando, carros de som passando sem parar. A praça era o lugar perfeito para essa prova de fogo, seria o primeiro contato dos atores-personagens com o rua, e sendo a platéia o termômetro ideal para descobrirmos o tempo da comédia, sabermos como estava funcionando o primeiro ato, se o entendimento da trama estava sendo bem desenvolvido na cena, a projeção da voz, a triangulação e a cumplicidade.
Chegar naquela praça foi assustador no inicio, olhei para os lados e não via uma mínima segurança de que tudo ia dar certo, peguei o pandeiro comecei a puxar umas emboladas com o objetivo mesmo de descontração, aquecimento e se jogar. Daí chegou o primeiro bêbado, depois o segundo, o terceiro... Pronto os donos da praça, os homens que freqüentam aquele lugar todos os dias já faziam parte de nossa apresentação, César se aproximou com a zabumba, Marco, Neto e um a um fomos começando um grande cortejo pela praça convidando todos para assistir a apresentação, não deu outra, platéia formada, o espetáculo rolando, as intervenções passando, como por exemplo, um ilustre cidadão que ficou uma parte da peça repetindo: “Eu sei fazer, eu sei fazer...”
A platéia respondeu muito calorosa, participou, jogou, respondeu, aplaudiu. Prova de fogo executada, escapamos daquela apreensão com alegria, com o que tínhamos pra vender, pra mostrar, ali deslumbramos o que poderia vir a ser a nossa “a farsa da boa preguiça”

Natal, 18 de Dezembro, 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Primeiros 45 minutos!

Nono dia de trabalho. Só cinco por vir!!! Quase dois terços já foram!!! Por um lado, muita água já rolou. Por outro, quando mais o tempo passa, mais vemos como falta coisa. “É ááááágua!!!!”, como diria o Netto. Ontem acho que todos sentimos a parada do domingo, que nos demos de folga. Hoje, parece que o pique do trampo voltou.

Já começa a se tornar rotina o futebolzinho inicial. A coisa só não tá melhor porque todos não se envolveram ainda, apenas alguns estão mais próximos, mas de qualquer forma tem sido gostoso, divertido, e dá uma ligada nos motores antes do início do trabalho.

Começamos hoje com a sequência de aquecimento de voz que o Marco passou pros meninos ontem, já relatado pela Maisa: aquecimento dos músculos do pescoço e ombros, e a sequência de vocalizes ao piano. Depois, passou algumas músicas de aquecimento (“abacateiro abacá”, e “Donna nobis”), e o tema da Farsa. Em seguida, mostrou a música que compôs para a primeira cantiga do Simão, que ficou muito boa.

Passamos então para a continuação do trabalho de ontem, com a criação da cena quatro (“A crítica), inicialmente com grammelot, depois com fala. Um dos grupos foi formado por Netto (Simão), César (Aderaldo), Renata (Clarabela) e Camille (Nevinha); o outro, por Thardelly, Marco, Isadora e Suellen, nos respectivos personagens. Na primeira cena a Maisa fez a Lulu, a cadelinha da Clarabela; na segunda, o Thardelly assumiu essa função canina. Além disso, os atores que não estavam em cena fizeram os demônios-criados da Clarabela. Em especial na segunda cena, uma imagem muito boa foi criada, com o César, Camille e Renata fazendo os criados, com um monte de tralha em cima da cabeça, uma instalação ambulante, muito bom mesmo.

Depois partimos para o mesmo processo com as cenas 2 (“Bicho Preguiça”) e 3 (“A Primeira Peleja da Sedução”), que tínhamos pulado ontem. Antes do intervalo, a Chris conduziu aquela sequência de análise do texto que tem apontado um caminho muito rico para o levantamento das cenas: primeiro uma definição da sequência de acontecimentos da cena, e em seguida, a partir desses acontecimentos, define-se/cria-se ações para cada momento definido. E fomos para o intervalo. Lanchinho preparado pela Rê Mora, bate-papo, enfim, intervalo padrão. Aproveitei e recolhi os desenhos dos camelôs, encomendados para ontem, que acabou ficando para hoje.

Voltando, partimos para um vilão com bola, para dar uma ligada antes da cena, proposta minha a partir da reivindicação de ontem do Thardelly. Em seguida, partimos para o mesmo procedimento: nos mesmos grupos, os meninos prepararam improvisações das cenas 2 e 3 com grammelot e depois com fala, e apresentaram. Depois do rojão da cena 4, essas outras ficaram muito mais fáceis, fluíram bem.

Conversamos rapidamente, fizemos – eu e a “Ishtreva” – algumas considerações sobre as cenas e personagens – em especial questões ligadas à Nevinha, feita pela Tili e Suellen, que apresenta algumas dificuldades para elas, por possibilitar uma construção farsesca menos óbvia, como os outros personagens –, e partimos para o desafio do final do trabalho: fazer um passadão do início até o final da quarta cena!

Fizemos um bolão sobre o tempo que duraria. Os palpites ficaram entre 21 e 33 minutos. A resposta segue no final do post...

Bom, o exercício foi muito bacana e revelador. Algumas questões que emergiram:

1. Apesar de ainda lento, sem dinâmica e muito sujo, o exercício foi surpreendente, em especial quanto ao nível de apreensão dos atores sobre a sequência e a lógica do texto. A sequência de exercícios proposta pela Chris mostrou-se extremamente eficiente.·

2. A estrutura geral do espetáculo começa a mostrar a cara. Os carrinhos (por enquanto representados pelos cases), o extintor de CO2 – grande vedete da tarde –, o megafone, o chicote, os adereços que vão surgindo, os milhões de bebês do Simão e Nevinha, enfim, temos um rabisco, uma ideia!

3. Falta muito em relação ao texto e à limpeza. O pouco trabalho que fizemos – eu, César, Maisa e Netto – ontem com o prólogo já garantiu uma outra qualidade de relação, mesmo ainda faltando muito a se fazer e ainda estando muito sujo! É só um exemplo como o trabalho textual ainda está cru. Mas andando...

4. Claramente temos um grupo. Os nove atores trabalham muito bem juntos, não tem mais divisão, diferentes formações, etc. Todo mundo tá no mesmo barco. É muito fácil ver isso na cena. Nós três, eu, Chris e Marco, que estamos conduzindo o processo, também aparentamos encontrar cada vez mais o espaço de cada um, e a complementariedade dos trabalhos.

5. Se por um lado temos muito a trabalhar, por outro significa que temos muito a crescer. A metade do primeiro ato levou QUARENTA E CINCO MINUTOS!!!!!!!!! No entanto, é claro para nós que conseguimos baixar para, pelo menos, a metade disso...

O trabalho segue em frente. Que venha a quarta-feira!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fotos sempre te quero!

Todo processo bem feito precisa de um bom fotógrafo para ótimas fotos. E com uma semana de trabalho das 14h às 22h de domingo a domingo renderam fotos de babar! Como é bom ver o trabalho ali, lindo, todo escrito em luz! Cuca foi um máximo essa semana!















É trabalho viu!

Foco na leitura

No dia 14 de dezembro de 2009 se inicia a segunda semana de trabalho no Barracão. Cheguei ao ensaio e estavam todos aquecendo o corpo de um modo bem brasileiro: era um futebol, meio “futevôlei”, onde valia tudo, cabeçada, ombrada... Só não podia deixar a bola cair no chão. O que era uma tarefa só um pouco difícil.

Passado esse primeiro instante, Marco começou o ensaio de hoje com uma sequência de exercícios para o alongamento e o aquecimento vocal, e que ao longo da semana deveríamos incorporá-los ao nosso trabalho individual, sempre prestando atenção na garganta para não forçá-la. Logo após esse exercício fomos para o aquecimento no piano, fizemos alguns vocalizes passeando por todas as notas.

A lição mais importante de hoje dada por Marco foi: a nota é um alvo que temos que atingir, sabendo disso, cantamos a música tema da peça três vezes acompanhado uma vez do piano, outra do violão e por último da sanfona.

Em seguida, Fernando pediu para eu, César e Neto trabalharmos o texto do prólogo individualmente e ficou trabalhando o texto com o resto do elenco. Depois Chris trabalhou a primeira cena com o Marco, Renata, Isadora, Suellen, Camille e Thardelly, enquanto Fernando ficou trabalhando o texto conosco. Após a análise das intenções de cada fala do prólogo, fomos assistir o resultado do exercício do pessoal que estava destrinchando a primeira cena.

Antes de iniciar o exercício, Chris explicou bem rápido o que eles haviam feito. Primeiro identificaram os fatos da cena, depois listaram as ações que poderiam estar acontecendo. Em seguida, improvisaram as ações usando o grammelot. Numa última passada o texto era improvisado tomando como base o que foi experimentado com o grammelot.

Após as apresentações fizemos pausa para o lanche.

Na última parte do trabalho de hoje, foi realizada uma leitura da quarta cena - A Crítica - com as cadeiras espalhadas pelo palco, onde quem estava lendo ficava em pé sem esquecer-se de jogar com o público. Ao terminar a leitura os que estavam em pé sentavam-se e os que estavam sentados entravam em ação e começavam a leitura da mesma cena. Quando os dois grupos terminaram, fizemos uma leitura intercalando as falas dos personagens entre os atores. Cada personagem foi lido por dois atores.

Por último, todos juntos fizemos a mesma análise que Chris propôs para primeira cena. Terminamos o dia identificando os fatos da quarta cena, que totalizaram 34 fatos. Depois, baseado nos fatos, listamos as ações físicas que possivelmente os personagens estariam fazendo na cena.

E assim termina mais um dia com muita disposição e energia.... Exceto o Thata que ficou dodói! Mas já compramos o doril dele.

A noite na casa do Ser Tão, comemos a maravilhosa comida do Miro, com direito a salada mista com uva e batata rufles e uma panqueca aberta. Hummm... Delícia! =D

Maisa Costa