quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A peleja de Aderaldo e as Diabas Cachorra da Mulesta!

Mais um dia de trabalho começa na quase rotina tendo o trabalho de preparação corporal da Carla como importante ponto de partida, nos colocando atentos para o trabalho de cena. Nossos corpos começam a sentir o cansaço no acúmulo do processo até então. Normal. Não há como aliviarmos o efeverscente trabalho criativo e que tem rendido muito bem. E vamos que vamos!
Depois do alongamento fizemos um breve aquecimento vocal e passamos a "música da pantomima", aprendida ontem e que começaria hoje a ser marcada pela Carla. Feitos os ajustes musicais necessários , uma vez que essa canção tem uma grande variação de compassos, andamentos, tonalidades e dinâmicas distintas, partimos para o desenho coreográfico da cena. Carla começou a marcação partindo de imagens quase estáticas dando um número para cada uma delas, havendo o mínimo de movimentação de uma imagem para outra. O suficiente para o deslocamento. Imagens que a princípio comunicam muito pouco, mas que possibilitam uma noção de movimentação mais clara e objetiva. Mesmo com o comando de que não nos preocupássemos com o "recheio" nesse momento inicial de marcação, inevitavelmente a ansiedade nos coloca querendo colocar o carro na frente dos bois. Explicando melhor, o tal recheio refere-se ao sentido da imagem com movimento e dialogando com a música. Achei bem eficiente a escolha da Carla nesse processo de marcação, dado grau de complexidade exigido pela própra natureza dessa cena. Com a chegada da Suellen depois de sua consulta médica, terminei minha participação de stand-in de atriz e fui para o teclado. Aos poucos fomos dando movimento a essas imagens juntamente com a música. Alguns vários "Da Capo" depois, finalizamos o esboço dessa cena. Estamos chegando numa fase do processo que é preciso muita paciência diante de repetições técnicas e limpezas das cenas criadas até aqui e das que ainda não foram trabalhadas. Esse trabalho, pra que se tenha noção do tempo exigido para sua realização, nos tomou as primeiras 4 horas até a pausa para o lanche. Falando nele, lanche!
Sem Chris que não pode trabalhar conosco hoje, voltamos a sala 602 para continuarmos avançando nas cenas do Ato III. Divididos em 3 grupos, trabalhamos propostas de criação da cena em que Aderaldo encontra-se com os demônios. Uma cena que ainda se mostra como um nozinho no que se diz respeito a construção dessas figuras diabólicas. Achamos que o ridículo, o patético, o clownesco é uma chave importante para explorarmos essas personagens tão facilmente colocadas na linha do óbvio e do esteriótipo do mal. Ao vermos as cenas dos outros grupos, ou seja, dos não originais que acabam não tendo um compromisso direto com a composição dos personagens e o que é execelente nessa forma de levantamento de ideias de cenas, pudemos perceber que ainda temos muito o que descobrir no jogo entre as diabas Andreza e Ferrabrás (interpretadas por Renata e Camille, respectivamente). Como já foi aqui descrito anteriormente, esse exercício consiste em o grupo representado pelos atores que interpretam os seus reais personagens mostrarem a sua cena criada e depois repetir a cena mostrada pelos outros grupos, aqui chamados de não originais. Feito isso, começamos a trabalhar a síntese da cena a partir do que vimos dos outros grupos. Acho esse caminho muito prático e eficiente diante da urgência e objetividade que precisamos nessa montagem.
Enquanto eu, Camille e Renata trabalhávamos essa cena, os demais continuaram a levantar as propostas seguintes. Tivemos dificuldade em definir uma ideia mais amarrada. Ainda acho que há muito o que descobrir nessa relação entre o núcleo do mal. O trabalho truncou um pouco e acabou não rendendo como gostaríamos. Ainda assim, não há como negar que avançamos.
Divididos mais uma vez em novos grupos, mas na mesma dinâmica de criação, começamos a levantar a cena em que Joaquim Simão se encontra e trava uma luta com as diabas. Surgiram coisas muito legais e possibilidades cênicas interessantes que apontam um caminho para o uso do poder entre o plano dos humanos e dos extra-terrenos. Essa é uma linha tênue que precisamos explorar bastante para encontrarmos um "tom" para essas cenas de batalha, bastante presentes e de maior grau de dificuldade nesse Ato III. Vendo de fora, pude começar a ouvir na cena como poderei interferir e propor algo que mantenha a tensão necessária e fundamental exigida nessas cenas.
Dia puxado e bem produtivo. Aos poucos vamos vencendo também esse Ato que, de todos parece ser o mais delicado.

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