quarta-feira, 3 de março de 2010

A isso se chama organização!

Apresentação 3. Faltam 21!!!

Cuité foi uma experiência bem marcante. Depois de um bom hotel em João Pessoa e um razoável em Campina Grande, pegamos a primeira hospedagem ruim da turnê. Além disso, os quartos quádruplos fazem da estadia mais desconfortável, sem ar condicionado, más dormidas. Isso tudo faz dessa etapa bem difícil, atrapalha um pouco toda a nossa vida, situação atenuada por estarmos ainda no início...

A cidade é pequena, com cerca de vinte e dois mil habitantes, e sem muitos atrativos. De destaque, a universidade, um Campi da Universidade Federal de Campina Grande, que não fui conhecer pessoalmente, mas quem foi disse que, como afirmaria o Simão, é um exemplo de universidade. Diferente de Campina, ontem aproveitamos a metade do dia de folga e curtimos um pouco a cidade, passeamos, jogamos uma sinuca, tomamos uma cervejinha, enfim, nos demos o direito de um pouco de lazer.

Apesar das condições pouco favoráveis, tivemos uma recepção muito carinhosa por parte do secretário de cultura local e dos integrantes da Cia. Cuiteense de Teatro. Isso faz toda a diferença. Cuité, apesar de seu tamanho diminuto, tem um teatro - não chegamos a conhecê-lo, infelizmente - e cerca de seis grupos!

Ontem definimos o local da apresentação, e a coordenação técnica - eu, Rafa e Galego - fez uma reunião interna para organizar o descarregamento, montagem, desmontagem e carregamento do material. Apesar de não estarmos tendo problema até então, a coisa ainda estava muito aquém do que poderia render, e o risco de perdermos alguma coisa era iminente. Hoje, antes de seguirmos para o local da apresentação, fizemos uma reunião e passamos todo o esquema para a equipe, com a definição de grupos para cada função, etc. Ainda aproveitamos (eu e a Chris) para atentar o elenco sobre o relaxamento que já começa a tomar conta da cena, com uma postura um tanto desatenta quando se está nas estações (pontos de apoio que ficam fora de cena, mas à vista do público) e, principalmente, a quantidade de cacos que surgiram em Campina. Alertamos sobre a necessidade de nos mantermos firmes com o espetáculo que criamos, sem nos deixarmos levar pela tentação de agradar a plateia com riso fácil, etc.

Chegando no espaço ao lado da Matriz, a coisa funcionou quase perfeitamente como planejamos, com exceção de insignificantes detalhes que serão resolvidos em Sobral. Resultado: praticamente três horas a menos na montagem!!! Tanto elenco quanto equipe ficaram livres muito mais cedo do que nas outras duas cidades!

O público chegou bem em cima da hora, alguns um pouco depois, mas surpreendentemente tivemos mais de 500 pessoas, quase o dobro que tivemos em Campina Grande, uma cidade bem maior!

Cabe ressaltar alguns aspectos da apresentação. A chegada dos camelôs foi muito melhor, conseguimos fazer muito próximo do que eu imaginava. Resta saber se foi um acaso - ou conjunção de fatores positivos, para ser menos cruel - ou se realmente encontramos. Aquelas figuras estranhas com seus produtos igualmente toscos tomaram a praça de assalto, mexeram com a dinâmica que estava instaurada, foi uma invasão, como imaginávamos desde o começo do processo. No entanto, apesar desse excelente approach, o início do espetáculo deixou muito a dever. A música inicial, sempre ela, foi executada com os já tradicionais atropelos, entradas erradas, ansiedades, etc, e o primeiro ato foi todo meio arrastado, meio estranho. O público era muito diferente daquele de Jampa e Campina. Claramente muita gente nunca tinha visto teatro antes, apesar do movimento teatral da cidade que citei acima, e as respostas não vinham como vieram antes. Os momentos em que tínhamos riso eram ligados à comédia física ou à picardia. De resto, as nuances mais finas e suaves passavam batidas. Isso gerou um movimento interessante nos atores, que buscaram - alguns conscientemente, outros acho que não - atalhos para estar mais próximos ao público. E funcionou! Apesar de ter sido a apresentação mais deslocada até agora - incluindo aí os dois ensaios abertos -, com uma plateia muito diferente das anteriores, foi muito lindo ver como o público se manteve firme, atento, vivo, interessado no que se passava em cena! Foi bonito também ver os atores - um deles em especial, né? - não se deixarem levar pela tentação de "aproximar o espetáculo das referências do público", e sim manter a potência cênica do trabalho que criamos e acreditar que ela chegaria forte, e foi o que aconteceu! Ao final, dedicamos a apresentação à Cia. Cuiteense, nossos dedicados anfitriões.

Por fim, tivemos um bate-papo muito bacana, com a presença de quatro grupos da cidade, e um desejo de manutenção de trocas e intercâmbios entre nós. A desmontagem, foi outro ponto a se destacar: organizada, tranquila, e rápida. Não tão rápida quanto a montagem, mas muito melhor do que antes. Ponto pra equipe toda e em especial, modéstia à parte, para os mentores deste novo sistema.

Parada inusitada esta de Cuité. Pontos altos e baixos, e a lição de que o rigor com a organização e a precisão, seja dentro ou fora da cena, serão fundamentais para o decorrer desta longa jornada Nordeste adentro.

2 Comentários:

Às 4 de março de 2010 às 13:55 , Anonymous Anônimo disse...

O pessoal da nossa cidade, aqui citada , Cuité, ficaram muito encantado mesmo com a apresentação.
E gostariamos que vinhessem outras vezes aqui , trazer essa cultura tão gostosa, que esta se espalhando na cidade de Cuité.
Foi muito especial para a gente essa apresentação.
Parabéns a todos que compõe o grupo, desde já agradeço em nome da população Cuiteense.
Anderson.
anderson_quie@hotmail.com

 
Às 6 de março de 2010 às 10:12 , Blogger Gustavo França disse...

Resumo da ópera em Cuité: Entre mortos e feridos, todos salvos. Evoé!!!

 

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